Governador de Minas Gerais defendeu repactuação. Em abril, mineradoras ofereceram mais R$ 90 bilhões. Bombeiros trabalham nas buscas por vítimas no distrito de Bento Rodrigues (imagem de arquivo)
Ricardo Moraes/Reuters
O governador de Minas Gerais, Romeu Zema (Novo), afirmou nesta terça-feira (4) que a assinatura do novo acordo de reparação dos danos causados pelo rompimento da barragem de Fundão, em Mariana, depende do governo federal.
“O que nós precisamos é que esse acordo seja selado, o que vai beneficiar a União, o Espírito Santo, que foi atingido, e também Minas Gerais. E esse acordo hoje depende do governo federal. Então, fica aqui o meu apelo para que todos nós venhamos a lutar por essa luta que é de Minas Gerais”, disse Zema, durante o 39º Congresso Mineiro de Municípios, em Belo Horizonte.
Em abril, Samarco e suas acionistas, Vale e BHP, fizeram uma proposta de mais R$ 90 bilhões para a repactuação. O valor total é de R$ 127 bilhões, mas R$ 37 bilhões já foram investidos em ações de compensação.
No entanto, a União e o governo do Espírito Santo rejeitaram a oferta, por considerar que ela “não representa avanço” em relação à anterior, apresentada em dezembro de 2023, quando as mineradoras teriam proposto, aproximadamente, R$ 40 bilhões.
Os dois governos consideraram as condições estabelecidas pelas empresas “inadmissíveis”, por desconsiderarem o que já tinha sido “exaustivamente debatido”. Já o governo de Minas pediu ajustes.
“Com relação à tragédia de Mariana, nada aconteceu. Aliás, aconteceu, sim, muita consultoria, muita perícia recebendo dinheiro, e os prefeitos, os atingidos, nada, até o momento”, afirmou Zema.
Romeu Zema (Novo) no Congresso Mineiro de Municípios
TV Globo/ Reprodução
O g1 questionou o governo federal sobre a fala do governador, mas não obteve retorno até a última atualização desta reportagem.
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Casa no distrito de Bento Rodrigues destruída pela lama vazada da barragem da Samarco que se rompeu em Mariana
Patrícia Fiúza/G1 Minas
A barragem de Fundão rompeu em 5 de novembro de 2015, em Mariana, na Região Central de MG, e causou o maior desastre ambiental da história do país. Dezenove pessoas morreram.
Cerca de 40 milhões de metros cúbicos de rejeitos de mineração destruíram comunidades e modos de sobrevivência, contaminaram o Rio Doce e afluentes e chegaram ao Oceano Atlântico, no Espírito Santo. Ao todo, 49 municípios foram atingidos, direta ou indiretamente.
Para as instituições de Justiça e os governos, as ações de reparação executadas nos últimos anos pela Fundação Renova, entidade criada com esse objetivo, foram insuficientes – mais de oito anos depois da tragédia, o reassentamento das pessoas que perderam suas casas não foi concluído. Por isso, um novo acordo é discutido.
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