22 de setembro de 2024

Ziraldo foi elogiado por Neil Armstrong, primeiro homem a pisar na lua; leia relato

Morto neste sábado (6) aos 91 anos, desenhista criador do personagem Menino Maluquinho narrou a vez em que conheceu astronauta. Ziraldo morre aos 91 anos
Morto aos 91 anos neste sábado (6) e conhecido por personagens como Menino Maluquinho e os da “Turma do Pererê”, o desenhista Ziraldo conheceu Neil Armstrong, astronauta que foi o primeiro homem a pisar na lua.
Em entrevista ao Arquivo N, da Globo News, em 2018, Ziraldo contou que conversou com Armstrong no Copacabana Palace.
“Ele levantou, veio andando e falou: ‘Congratulations’ [parabéns, em inglês]”, disse o desenhista. “Aí eu falei com meu maravilhoso inglês: ‘Não, essa frase é minha. Eu que tenho que dar parabéns a você’. Ele respondeu: ‘não, eu apenas fui à lua, o senhor fez um livro’.”
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Ziraldo em foto de arquivo.
TV GLOBO/CEDOC
Os primeiros desenhos
Ziraldo Alves Pinto nasceu em 24 de outubro de 1932 em Caratinga (MG), onde passou a infância. Mais velho de uma família com sete irmãos, foi batizado a partir da combinação do nome da mãe (Zizinha) com o nome do pai (Geraldo).
Leitor assíduo desde a infância, teve seu primeiro desenho publicado quando tinha apenas seis anos, em 1939, no jornal “A Folha de Minas”.
Iniciou a carreira nos anos 1950, na revista “Era uma vez…”. Em 1954, passou a fazer uma página de humor no mesmo “A Folha de Minas” em que havia estreado.
Os primeiros anos de carreira
Em 1957, formou-se em Direito na Faculdade de Direito de Minas Gerais, em Belo Horizonte. No mesmo ano, entrou para o time das revistas “A Cigarra” e, depois, “O Cruzeiro”. Em 1958, casou-se com Vilma Gontijo, sua namorada havia sete anos. Tiveram três filhos, Daniela, Fabrizia e Antônio.
Já na década seguinte, destacou-se por trabalhar também no “Jornal do Brasil”. Assim como em “O Cruzeiro”, publicou charges políticas e cartuns. São dessa época os personagens Jeremias, o Bom, Supermãe e Mineirinho.
No período, pôde enfim realizar um “sonho infantil: publicou a primeira revista brasileira do gênero feita por um só autor, reunindo uma turma chefiada pelo saci-pererê, figura mais importante do imaginário brasileiro”, diz o texto.
A revista “A Turma do Pererê” deixou de ser publicada em 1964, a partir do início do regime militar. Cinco anos mais tarde, Ziraldo fundou, com outros humoristas, “O Pasquim”.
Com textos ácidos, ilustrações debochadas e personagens inesquecíveis, como o Graúna, os Fradins ou o Ubaldo, o semanário entrou na luta pela democracia num dos períodos políticos mais turbulentos do país.
Ao mesmo tempo que combatiam a censura, Millôr, Henfil, Jaguar, Tarso de Castro, Sérgio Cabral, Ivan Lessa, Sérgio Augusto e Paulo Francis, dentre outros colaboradores do jornal, sofriam com ela.
Um dia depois do AI-5, baixado em 13 de dezembro de 1968, Ziraldo foi detido em casa e levado para o Forte de Copacabana.
Em 1969, publicou seu primeiro livro infantil, “FLICTS”. Em 1979, passou a se dedicar à literatura para crianças.
Maluquinho, ‘Bundas’ e ‘Palavras’
Seu maior sucesso, “O Menino Maluquinho”, saiu em 1980 e ganhou o Prêmio Jabuti. É considerado um dos maiores fenômenos do mercado editorial brasileiro de todos os tempos. O sucesso fez o personagem ser lavado para cinema, teatro, quadrinhos, ópera infantil e games.
Em 1997, o personagem foi levado à Marquês de Sapucaí. A escola carioca Unidos do Porto da Pedra homenageou o Menino Maluquinho com o enredo “No Reino da Folia, Cada Louco com a sua Mania”.
Em 1999, Ziraldo criou duas revistas: “Bundas” e “Palavra”. A primeira era descrita como “uma resposta bem-humorada à ostentação dos ‘famosos’ que semanalmente aparecem na revista ‘Caras’”.
Os lemas eram: “Quem mostra a bunda em ‘Caras’ não mostra a cara em ‘Bundas’”; “A revista que é a cara do Brasil”; e “‘Bundas’, a revista que não tem vergonha de mostrar a cara”.
A ideia da publicação, que tinha parte da equipe de “O Pasquim”, era reviver o clima do antigo jornal. Já “Palavra” era sobre arte.

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