19 de novembro de 2024

Arsenal previsto em plano golpista poderia derrubar paredes do STF

Equipamento de guerra seria capaz de explodir blindados; cinco foram presos nesta terça-feira (19). O arsenal previsto para ser utilizado na tentativa de golpe em 2022 poderia destruir paredes do Supremo Tribunal Federal (STF) e até mesmo explodir carros blindados, avaliam especialistas.
A Polícia Federal (PF) deflagrou na manhã desta terça-feira (19) uma operação para prender cinco pessoas que teriam elaborado um plano para sequestrar ou matar o ministro do STF Alexandre de Moraes, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, e o vice Geraldo Alckmin.
A PF destaca a “grande eficácia” dos calibres que aparecem no plano “Punhal verde amarelo”, elaborado pelo general da reserva e ex-secretário-executivo da Secretaria-Geral da Presidência de Jair Bolsonaro, Mário Fernandes. Seriam utilizadas quatro pistolas 9mm, ou .40 e quatro fuzis 5,56 mm, 7,62mm ou .338.
“Chama atenção, sobretudo, o armamento coletivo previsto, sendo: 1 metralhadora M249 –MAG – MINIMI (7,62 mm ou 5,56 mm), 1 lança Granada 40 mm e 1 lança-rojão AT4. São armamentos de guerra comumente utilizados por grupos de combate”, detalha a PF.
O lança-rojão seria o armamento mais pesado. De acordo com o relatório, é usado principalmente por forças armadas e de segurança para combate a veículos blindados e estruturas fortificadas. “É um lançador de foguetes antitanque. A munição é um foguete guiado que possui uma ogiva explosiva”, explica a corporação.
De acordo com Bruno Langeani, consultor sênior do Instituto Sou da Paz, o armamento seria capaz de destruir uma casa pequena. Se empregado no prédio do STF, por exemplo, poderia derrubar paredes, criando outros acessos para invasão rápida, ou matar os seguranças das entradas, impedindo uma reação. Seriam capaz, até mesmo, de explodir um carro blindado, embora os calibres dos fuzis elencados fossem suficientes para penetrar a blindagem de automóveis.
Para Langeani, a participação de militares é um “profundamente preocupante”. “De acordo com as informações divulgadas pelo STF, fica evidente que militares da ativa e da reserva, muitos próximos ao presidente, participaram de meses de planejamento que incluíram o uso de recursos do Estado — como veículos, aplicativos de mensagens, instalações, e até armamento de guerra, como metralhadoras e lança-rojões. Essas ações visavam tramar homicídios políticos e um golpe de Estado. E, ainda assim, mesmo com um planejamento e mobilização dessa magnitude, nenhuma medida foi tomada por comandantes militares ou autoridades da República para impedir esses atos”, analisa.
Operação Contragolpe
O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes tornou pública nesta terça-feira (19) a decisão que autorizou a operação da Polícia Federal que prendeu quatro militares do Exército e um agente da PF.
O grupo é suspeito de tramar um golpe de Estado em 2022 para prender e assassinar Lula, então presidente eleito, seu vice Geraldo Alckmin e o ministro Moraes, que à época presidia o Tribunal Superior Eleitoral (TSE).
O documento cita, por exemplo, que os golpistas começaram a monitorar o deslocamento de autoridades ainda em novembro de 2022, após a eleição e antes da posse de Lula.
O monitoramento teve início após uma reunião na casa do ex-ministro da Defesa Walter Souza Braga Netto, que foi candidato a vice de Jair Bolsonaro (PL), derrotado nas eleições presidenciais.
Entre as medidas solicitadas pela PF nesta terça-feira, está esclarecimentos a respeito do aparato militar usado nessa operação, notadamente um veículo oficial do Batalhão de Ações de Comandos no dia 15 de dezembro. Na ocasião, seria deflagrado o plano para sequestrar ou matar Moraes, Lula e Alckmin. “Os registros formais (ex. ordens de missão, dados de saída e entrada, conduta, registro de abastecimento etc.) têm potencial para elucidar pontos lacunosos no contexto apuratório”, explica a PF.

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