Número de ocorrências anuais quase dobrou desde 2020 na comparação com as duas décadas anteriores. Museu de Arte do Rio Grande do Sul, na Praça da Alfândega, durante enchente de maio em Porto Alegre
Sedca/Divulgação
O Brasil está em um “cenário alarmante” de quase dobrar o número de desastres climáticos anualmente desde 2020 na comparação com as duas décadas anteriores, de acordo com um novo estudo científico elaborado pela Aliança Brasileira pela Cultura Oceânica com apoio do governo brasileiro e da Unesco.
“Os desastres climáticos têm se tornado mais frequentes e intensos nas últimas décadas, refletindo os impactos das mudanças climáticas”, afirma o relatório.
O estudo, realizado pelo braço de pesquisa da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) e divulgado na sexta-feira (27), aponta que entre 2020 e 2023, os dados oficiais mostraram uma média anual de 4.077 desastres relacionados ao clima no Brasil.
O número é quase o dobro dos 2.073 desastres registrados anualmente, em média, nas duas décadas de 2000 a 2019.
Os desastres variam desde secas e enchentes até tempestades violentas, temperaturas extremas, ciclones e deslizamentos de terra.
Por outro lado, o estudo mostrou uma correlação entre os desastres climáticos sofridos no país e o aquecimento das temperaturas da superfície oceânica.
Observa também que secas e enchentes recordes no Brasil em 2024 contribuem para os desafios climáticos que o país enfrenta.
“Os prejuízos econômicos causados por desastres climáticos no Brasil têm aumentado significativamente ao longo das últimas décadas, refletindo os impactos crescentes das mudanças do clima”, destacou o estudo.
O custo desses danos no Brasil entre 1995 e 2023 foi estimado em cerca R$547,2 bilhões.
Os pesquisadores sublinharam a “urgência de medidas para mitigar os impactos das mudanças climáticas e aumentar a resiliência socioeconômica no país”.
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