6 de novembro de 2024

Caso Isis: cães farejadores especializados em cadáveres integram buscas por adolescente grávida desaparecida no Paraná


Isis Victoria Mizerski desapareceu em junho e investigadores acreditam que ela foi assassinada pelo pai do bebê. Buscas foram retomadas após resultado de laudo da perícia feito no carro do homem, que alega inocência. Cães farejadores especializados em cadáveres integram buscas por adolescente desaparecida
As novas buscas por Isis Victoria Mizerski em áreas de mata entre Tibagi e Telêmaco Borba, nos Campos Gerais do Paraná, estão contando com cães farejadores especializados em cadáveres. As ações estão sendo realizadas por uma força-tarefa entre as Polícias Civil e Militar e o Corpo de Bombeiros do Paraná.
Isis tinha 17 anos de idade e estava grávida quando desapareceu no dia 6 de junho, após sair para se encontrar com Marcos Vagner de Souza, apontado como pai do bebê. A polícia trabalha com a hipótese de que Isis está morta e retomou as buscas após receber resultado de um laudo da perícia feito com amostras de lama encontradas no carro do homem.
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Cães farejadores especializados em cadáveres integram buscas por Isis Victoria Mizerski
Paulo Roberto Martins/RPC
Marcos Vagner está preso e desde junho e é réu por homicídio triplamente qualificado, ocultação de cadáver e aborto provocado sem o consentimento de Isis. Ele diz ser inocente. Veja detalhes mais abaixo.
As novas buscas, que acontecem cerca de quatro meses depois das últimas operações, iniciaram na terça-feira (5), continuam nesta quarta (6) e devem ir até quinta (7).
Há cerca de 30 profissionais trabalhando, além de três cães farejadores. Segundo o Corpo de Bombeiros, eles são treinados com membros de cadáveres doados por hospitais e são capacitados para identificar o odor de corpos de pessoas que morreram até seis meses antes.
A intenção é, nos três dias, percorrer cerca 15 hectares em 21 pontos – área correspondente a 21 campos de futebol.
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Vestígios encontrados
Força-tarefa retomou, nesta terça-feira (5), as buscas por Isis Victoria Mizerski
Fabio Angelo/RPC
No primeiro dia da operação, cerca de 5,3 hectares foram percorridos em oito pontos.
Segundo o Corpo de Bombeiros, foram encontrados vestígios suspeitos em dois deles, envolvendo resquícios de fogueiras, clareiras – incomuns para áreas de reflorestamento, como aquelas, e também sacolas de roupas, mas que parecem ser de pescadores.
Nos locais, os cães farejadores especializados em cadáveres não encontraram nada, e todos os vestígios foram encaminhados para perícia e serão investigados.
A operação também contou com uma escavação de 1,5 metro de profundidade, mas nada foi localizado no local.
Nesta quarta-feira (6) a força-tarefa será reforçada com mais dois cães farejadores e vai percorrer 10 pontos diferentes. A ideia é reforçar a varredura nos dois locais onde foram encontrados os vestígios e passar por dois novos.
Força-tarefa retomou, nesta terça-feira (5), as buscas por Isis Victoria Mizerski
Fabio Angelo/RPC
O que diz o laudo da perícia
De acordo com a assessoria da Polícia Civil, o laudo pericial atestou a presença de um tipo de solo específico no carro de Marcos. Com isso, as áreas prioritárias de busca foram definidas.
“Os vestígios de solo encontrados no veículo são compatíveis a uma região bastante extensa, por isso, mesmo já havendo sido feitas buscas na localidade, com a confirmação do laudo julgou-se importante intensificar o procedimento de buscas”, informa a Polícia Civil.
O g1 e a RPC tiveram acesso ao laudo, que aponta que as amostras controles, coletadas do solo para comparação com as amostras encontradas no veículo, foram localizadas em uma estrada de chão que fica próxima à PR-340.
Um mapa anexado ao laudo mostra o lugar exato, indicando como referência um supermercado – de onde câmeras de segurança registraram Marcos trafegando em direção à rodovia na noite do desaparecimento de Isis. Veja abaixo.
Laudo pericial do Caso Isis
Reprodução
O laudo ressalta que a compatibilidade entre a amostra do solo e a coletada do carro de Marcos pode ser definida “como alta a muito alta, com similaridade máxima entre 91,0 a 91,5%, com semelhança muito expressiva em termos de morfologia, composição química, mineralógica e/ou biológica, incluindo a presença de muitas partículas relativamente incomuns”.
Sobre o laudo, a defesa de Marcos Vagner de Souza se manifestou em nota.
“Ressaltamos que o laudo do solo apenas informa, de forma genérica, a região rural de Tibagi, que era constantemente frequentada por Marcos considerando que ele fazia rondas diárias na região”, alega o advogado Renato Tauille.
Caso Isis
Caso Isis: Adolescente grávida desaparecida no Paraná
De acordo com o delegado Matheus Campos Duarte, Isis Victoria Mizerski e Marcos Vagner de Souza tiveram relações sexuais entre abril e maio de 2024 e a adolescente engravidou do vigilante.
Semanas depois, ela começou a desconfiar da gestação e no dia 3 de junho contou para Marcos das próprias suspeitas, afirma o delegado. As investigações apontam que ele pediu que ela fizesse um teste, que confirmou a gravidez.
O delegado afirma que os dois saíram para se encontrar no dia 6 de junho – e desde então, Isis não foi mais vista.
As investigações reuniram imagens de câmeras de segurança que mostram Marcos em uma farmácia dois dias antes do sumiço. Três testemunhas afirmaram, em depoimento, que ele as procurou para tentar comprar remédios abortivos.
Vídeos e registros da localização do celular de Marcos na noite do desaparecimento e nos dias seguintes também contribuíram para aumentar as suspeitas de crimes.
Veja a cronologia do caso
Delegado Matheus Campos Duarte foi responsável pela investigação na Polícia Civil
AEN
Processo na Justiça
O inquérito foi finalizado no começo de agosto.
Quando a Polícia Civil anunciou o indiciamento do homem, o delegado Matheus Campos Duarte comparou o caso de Isis ao de Eliza Samudio. Ela desapareceu em 2010 e nunca teve o corpo encontrado. Apesar disso, acusados de envolvimento no crime foram condenados – incluindo o ex-goleiro Bruno Fernandes.
Assassinato sem corpo: Especialistas explicam como Justiça trata desaparecimento de adolescente grávida no Paraná como homicídio
Marcos Vagner de Souza virou réu na Justiça por três crimes, todos no âmbito da violência doméstica:
homicídio triplamente qualificado (por feminicídio, dissimulação e motivo torpe);
ocultação de cadáver;
aborto provocado sem o consentimento da vítima.
No final de outubro, a Justiça começou as audiências de instrução e julgamento do caso para definir se Marcos vai a júri popular, ou não. A intenção era ouvir 18 testemunhas, mas devido à ausência de testemunhas de defesa as audiências foram suspensas e não têm data prevista para retorno.
Desde o início das investigações, a defesa de Marcos nega que ele tenha envolvimento em algum crime relacionado ao desaparecimento de Isis.
A Polícia Civil destaca que quem tiver informações sobre vestígios do paradeiro da adolescente pode fazer denúncias anônimas através dos telefones 197, da corporação, ou 181, do Disque-Denúncia.
Marcos Vagner de Souza e Isis Victória Mizerski
Reprodução
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