14 de novembro de 2024

Em áudio, coordenador de candidato de Belford Roxo fala sobre compra de votos: ‘A conta é essa mesmo’, diz MP

A ação desta quarta é um desdobramento da prisão, em agosto, de Sérgio Acciolly dos Santos, o Dinho Resenha, então candidato a vereador. Em áudio, coordenador de candidato de Belford Roxo fala sobre compra de votos: ‘A conta é essa mesmo’
O Ministério Público denunciou um esquema de compra de votos em Belford Roxo, na Baixada Fluminense, chefiado pelo candidato a vereador Dinho Resenha. Nesta quarta (13), agentes fizeram operação para cumprir mandados de busca e apreensão.
A ação desta quarta foi um desdobramento da prisão, em agosto, de Sérgio Acciolly dos Santos, o Dinho Resenha, então candidato a vereador.
Ao analisar os dados do aparelho celular de Dinho, apreendido em agosto, a Promotoria Eleitoral verificou que o candidato se uniu a outros integrantes para comprar votos nas eleições de 2024.
Em áudios obtidos pelo Ministério Público, Dinho conversa com o coordenador de campanha Luiz Alexandre Torres Soares. “Irmão, tá na hora da gente montar o plano da boca de urna, hein”, inicia Dinho.
“A gente precisa saber quanto vai ter de recurso, né. De qualquer maneira, Dinho, a gente tem um modelo de ficha para entregar a cada uma das nossas lideranças passar e essa liderança passar pra gente as 10 dela. Inclusive, com o número de título, onde vota”, responde Luiz.
Para o Ministério Público, isso mostra que além de comprar o voto, eles também coagiam os eleitores a passarem dados pessoais. Dinho, segundo o MP, calculava gastar R$ 500 mil.
“É essa a conta mesmo, 500 lideranças, cada uma dando 10 votos, cada voto a R$ 100, é R$ 500 mil. A gente já pode começar, a ficha eu já tenho. A conta por baixo é R$ 500 mil, são 500 lideranças”, diz Luiz.
A investigação aponta também apoio do tráfico de drogas e do bandido Genaro, que foi morto recentemente em confronto com a PM. Em um áudio, ele afirma que fez o pagamento que devia a um homem que pertence ao tráfico e pergunta: “Tu acha que daí a gente consegue arrastar quantos votos?”.
A denúncia afirma que Dinho tinha uma cota de nomeações na prefeitura de Belford Roxo e que indicava as pessoas a serem nomeadas, com a contrapartida de que essas pessoas atuassem ativamente na sua campanha eleitoral.
Um dos elos, segundo o MP, era Aramis Rodrigues dos Santos Júnior, secretário municipal de Ciência, Tecnologia e Inovação de Belford Roxo. A denúncia diz que ele era o responsável por disponibilizar dinheiro para a campanha.
Foram denunciados nesta nova ação penal Dinho Resenha, Luiz Alexandre Torres Soares (coordenador da campanha de Dinho), Andreia Romão de Oliveira e Jorge Warley da Costa (integrantes da campanha).
Dinho teve a candidatura suspensa este ano pelas suspeitas de compra de votos nas eleições passadas. Ele foi preso antes das eleições e solto no fim de outubro.
A defesa dele disse que Dinho sequer fez campanha para a eleição desse ano, já que estava preso, e negou a compra de voto ou recebimento de dinheiro de algum funcionário da prefeitura de Belford Roxo.
A prefeitura do município disse que o secretário Aramis foi apenas citado e que não há provas do envolvimento dele no esquema e que ele terá direito ao contraditório e apresentará a sua defesa no tempo oportuno.
A TV Globo não conseguiu contato com os demais citados na reportagem.

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