22 de setembro de 2024

Exército de Israel fecha escritório da Al Jazeera na Cisrjodânia

Emissora catari, que cobre guerra na Faixa de Gaza, exibiu imagens ao vivo de tropas israelenses invadindo o escritório da emissora em Ramallah e diz que recebeu ordem de fechamento por 45 dias. Israel não se pronunciou sobre o caso. Sala de Controle do escritório da rede de TV Al Jazeera em Ramallah, na Cisjordânia.
AP Photo/Nasser Nasser, File
Tropas israelenses invadiram o escritório da rede de TV Al Jazeera na Cisjordânia, ocupada por Israel, na noite deste sábado (21) (início da manhã de domingo no horário local), e ordenaram o fechamento da emissora no país, segundo a emissora financiada pelo Catar.
A Al Jazeera exibiu imagens ao vivo das tropas israelenses invadindo o escritório da emissora em Ramallah e entregando uma ordem militar de fechamento do escritório por 45 dias antes da transmissão ser interrompida.
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Israel não se pronunciou sobre o fechamento do escritório da Al Jazeera na Cisjordânia até a última atualização desta reportagem. A Al Jazeera condenou a medida, continuando suas transmissões ao vivo de Amã, na vizinha Jordânia.
A ação na Cisjordânia é a segunda do tipo realizada por Israel contra a emissora, que cobre a guerra entre Israel e Hamas na Faixa de Gaza, e marca mais um capítulo da disputa entre a emissora e o primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu. Em abril, o Parlamento israelense aprovou uma lei que permite ao governo israelense o fechamento temporário em Israel de emissoras estrangeiras consideradas uma ameaça à segurança nacional do país.
Netanyahu já chamou o Al Jazeera de terrorista e a acusou de ter participado nos ataques de 7 de outubro em Israel. A emissora nega as acusações.
Em maio, a polícia israelense fechou a sede de transmissão da Al Jazeera em Jerusalém Oriental, confiscando equipamentos, impedindo suas transmissões em Israel e bloqueando seus sites. O bloqueio, inicialmente de 45 dias, estendeu-se.
A ação de maio marcou a primeira vez que Israel fechou uma emissora estrangeira operando no país. No entanto, a Al Jazeera continuou operando na Cisjordânia ocupada por Israel e na Faixa de Gaza, territórios que os palestinos esperam incluir em seu futuro estado.
Benjamin Netanyahu em coletiva de imprensa
Ohad Zwigenberg/Pool via REUTERS
Disputa Al Jazeera x Netanyahu
Tropas israelenses entraram no escritório e disseram a um repórter ao vivo que ele seria fechado por 45 dias, afirmando que a equipe deveria sair imediatamente. A emissora mais tarde exibiu o que parecia ser tropas israelenses derrubando uma faixa em uma varanda usada pelo escritório da Al Jazeera. A Al Jazeera disse que a faixa trazia a imagem de Shireen Abu Akleh, uma jornalista palestino-americana morta por forças israelenses em maio de 2022.
A Al Jazeera tem noticiado ininterruptamente a guerra entre Israel e Hamas desde o ataque inicial transfronteiriço dos militantes em 7 de outubro e manteve uma cobertura 24 horas por dia na Faixa de Gaza, em meio à ofensiva terrestre israelense que matou e feriu membros de sua equipe.
Além de relatar as vítimas da guerra no local, o braço árabe da Al Jazeera frequentemente publica declarações em vídeo na íntegra de Hamas e outros grupos militantes regionais.
Isso levou a acusações de autoridades israelenses, incluindo o primeiro-ministro Benjamin Netanyahu, de que a emissora “prejudicou a segurança de Israel e incitou contra soldados”. Essas alegações foram veementemente negadas pela Al Jazeera, cujo principal financiador, o Catar, tem sido fundamental nas negociações entre Israel e Hamas para alcançar um cessar-fogo e encerrar a guerra.
Uma ordem de fechamento da Al Jazeera em Israel foi renovada repetidamente desde então, mas ainda não havia sido emitida uma ordem para fechar os escritórios em Ramallah.
A guerra começou quando combatentes liderados pelo Hamas mataram cerca de 1.200 pessoas, na maioria civis, em um ataque no sul de Israel em 7 de outubro. Eles sequestraram outras 250 pessoas e ainda mantêm cerca de 100 reféns. A campanha de Israel em Gaza matou pelo menos 41.000 palestinos, segundo o Ministério da Saúde de Gaza, que não diferencia entre combatentes e civis.

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