10 de janeiro de 2025

Ministra Marina Silva responde carta de estudante do interior de SP vencedora de concurso do Pulitzer sobre ameaça a manguezais


Juliana Zatarim, de Piracicaba (SP), foi a única brasileira entre premiados no concurso internacional, que solicitou envio de cartas a líderes mundiais sobre temas de preservação ambiental. Juliana foi a única brasileira a vencer o prêmio promovido pelo Pulitzer Center
Reprodução/Pulitzer Center
A ministra do Meio Ambiente e Mudança do Clima, Marina Silva, respondeu à carta enviada pela estudante de Piracicaba (SP), Juliana Zatarim, em que a jovem demonstrava preocupação com os manguezais amazônicos e como eles são afetados pelas mudanças climáticas. O texto, originalmente escrito em espanhol e endereçado à titular da pasta, era requisito de um concurso internacional, promovido pelo Pulitzer Center.
O texto da estudante do interior de São Paulo ficou entre as os seis vencedores do prêmio “Cartas por Nossas Florestas e Oceanos”. Ela foi a única brasileira entre os premiados no concurso que solicitava a escrita de cartas direcionadas a líderes mundiais sobre temas de preservação ambiental.
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Na resposta à carta de Juliana, a ministra, além de parabenizar a jovem pela iniciativa e premiação, também definiu o texto como um alerta sobre os riscos do presente que comprometem o futuro. 📝Leia um trecho da mensagem de Marina Silva à estudante, abaixo:
“Acima de tudo, desejo que sua carta seja lida não apenas por mim, como ministra do Meio Ambiente e Mudança do Clima, mas por todas as autoridades brasileiras e internacionais, empresários e todas as pessoas que se preocupam com nosso bem maior: a vida. Sua carta é uma lembrança necessária dos riscos que enfrentamos no presente e que comprometem o nosso futuro. A conservação dos manguezais é de suma importância para o país, razão pela qual elegemos esse tema como prioritário”, afirma a ministra.
Ao g1, a estudante disse que ficou muito feliz com a resposta da titular da pasta.
“Fiquei muito feliz com a resposta da ministra Marina Silva. Ela destacou ações importantes para a preservação dos manguezais e reforçou o compromisso sobre e com a proteção ambiental. Mostrando a preocupação que eles estão tendo, reforçando essa ideia, como o Programa Nacional de Conservação e Uso Sustentável dos Manguezais do Brasil, que a ministra citou”, declarou.
Orientação
Juliana teve como concorrentes do concurso outros 700 alunos em toda a América Latina. Ela foi supervisionada pela professora de língua espanhola do colégio, responsável pela orientação no concurso, Sandra Del Valle.
A jovem escolheu direcionar sua carta para a ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, retratando a situação preocupante das mudanças climáticas, com foco especial nos manguezais amazônicos, propondo e solicitando medidas para amenizar o quadro.
Ao g1, a professora de espanhol explica que soube da existência do concurso por meio de um ex-aluno do colégio onde leciona, formado em Jornalismo.
“No mês de junho, me inscrevi para ser orientadora do concurso, selecionaram 20 pessoas de toda América Latina. Fui escolhida entre mais de 200 candidatos. Participei do treinamento no mês de julho. Em agosto, ministrei a oficina para orientar os jovens interessados em participar do Concurso. Enviamos um total de 36 cartas. Recebi a colaboração das professoras de Redação do colégio, Tamara e Debora. Participava toda a América Latina. A carta da nossa aluna concorreu com mais de 700 cartas enviadas”, detalhou a professora de Juliana.
O prêmio 🏅
O Pulitzer Center, responsável pelo prêmio, é uma organização de mídia noticiosa situada na capital dos Estados Unidos, Washington DC. A ideia do concurso das cartas é incentivar a escrita persuasiva e a tomada de ações acerca da proteção ambiental.
Os participantes precisavam escrever uma carta de no máximo 500 palavras, baseada em alguma reportagem publicada no site do Pulitzer nas categorias Florestas, Oceanos, Clima e Trabalho.
O prêmio é de 250 dólares americanos, equivalentes a cerca de R$ 1.500, voltados para a implementação de ações ambientais nas comunidades onde vivem os alunos.
“Estou lisonjeada principalmente por poder ajudar o nosso país com a doação. Espero que meu ato consiga conscientizar as pessoas, principalmente as pessoas da minha idade”, conta Juliana.
A carta ✉️
Juliana foi orientada pela professora Sandra, da disciplina de língua espanhola
Léa Fabris
Juliana selecionou uma matéria na categoria oceanos para basear seu trabalho. Com título de “Mais extensos do mundo, mangues amazônicos são ameaçados pelas mudanças climáticas”, o conteúdo fala sobre o ecossistema que se estende por quase 8 mil quilômetros na costa norte do Brasil e que está ameaçado pelas alterações nos padrões de temperatura e clima da Terra.
“Tudo está completamente interligado, porque vivemos em um único planeta e dependemos dos recursos naturais para a nossa sobrevivência. O aumento do nível do mar e das temperaturas está a destruir os mangues, afetando o seu papel como habitat dos animais e a sua capacidade de capturar e armazenar dióxido de carbono”, explica a estudante.
Ao longo da carta escrita por ela, Juliana descreve a urgência e necessidade de que haja conscientização social e de políticas climáticas severas para reduzir a emissão de gases do efeito estufa. Diante da sua preocupação, a estudante também estabelece as metas do que pretende fazer com o prêmio recebido.
“É isso o que proponho na minha carta, no intuito de priorizarmos a proteção ambiental. Estou muito feliz com a premiação e minha intenção é doar o prêmio para um projeto de reflorestamento.”
Apoio familiar
Juliana com seus pais, Marcelo e Vanda Cristina Zatarim, e o irmão Luiz Fernando Zatarim
Arquivo Pessoal
O pai de Juliana, Marcelo Zatarim, é produtor rural em Piracicaba, sabe da importância dos projetos de proteção ambiental e apoia totalmente as escolhas e decisões da filha. A notícia de que ela havia sido a brasileira ganhadora do prêmio foi um presente para ele e o resto da família.
“Não cabe o orgulho de ter uma filha que está fazendo por merecer. Tá estudando, tá buscando. Veio a notícia que foi um presente de natal pra nós. A gente não sabia o que pensar de tanto orgulho”, relembra.
Ele conta que a filha o informou de que o trabalho que ela desenvolveu e a fez ganhar o prêmio foi pensando no trabalho do pai, que ela cresceu observando.
Quanto à destinação do prêmio, Marcelo está ajudando Juliana. Por meio de seu conhecimento e associação no meio rural, eles estão negociando a compra de diferentes tipos de mudas para plantio e reflorestamento com uma empresa local. As mudas são de espécies de árvores que variam desde o pau-brasil até ipê, todas nativas.
“A gente [família] fica contente que a Ju está tentando fazer com que o mundo fique melhor, tentando mandar uma mensagem para que todo mundo preserve e faça da melhor forma possível”, concluiu.
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