19 de outubro de 2024

No 5º dia de protesto, polícias Militar e Federal retiram manifestantes do Hospital Federal de Bonsucesso para nova direção assumir

PM diz que prédio foi reintegrado. Uma audiência de conciliação estava marcada para segunda-feira. Sindicato dos Servidores da Saúde afirma que a categoria está insatisfeita com as condições de trabalho e não concorda com a descentralização da gestão dos hospitais federais. Polícias Militar e Federal são acionadas para reintegrar prédio do HFB
As polícias Militar e Federal foram acionadas nas primeiras horas deste sábado (19) para retirar os manifestantes da porta do Hospital Federal de Bonsucesso, na Zona Norte do Rio, e entregar o prédio para o Grupo Conceição, que assumiu a direção da unidade na terça-feira (15) mas que estava impedido de trabalhar por funcionários insatisfeitos com a mudança.
A possibilidade do acionamento das corporações para o cumprimento da decisão judicial já era uma realidade há uns dias. O grupo já manifestava pelo 5º dia.
O Ministério da Saúde, um oficial de Justiça Federal e a Polícia Federal entraram no prédio sem resistência nesta manhã (veja nota mais abaixo). No entanto, foram recebidos com hostilidade por protestantes, que disseram que estarão lá para fiscalizar os próximos anos.
Segundo a pasta federal, o grupo Conceição começou a trabalhar na unidade após a reintegração do prédio. O Batalhão de Choque da PM deu apoio para a ação.
Polícia no Hospital Federal de Bonsucesso
Reprodução
Uma audiência de conciliação estava marcada para a segunda-feira (21) entre o grupo Conceição, escolhido pelo Ministério da Saúde para administrar a unidade, e os servidores que protestavam contra a decisão da Justiça.
Assista reportagem sobre as manifestações:
Funcionários barram nova direção do Hospital Federal de Bonsucesso
Na terça-feira (15), 1º dia da gestão do Grupo Hospitalar Conceição (GHC) funcionários fizeram um piquete e tentaram impedir a entrada da nova direção do hospital. A Polícia Federal (PF) teve de ser chamada e acionou uma equipe do Grupo de Pronta Intervenção (GPI). Houve tumulto e empurra-empurra, e uma mulher se feriu.
O grupo está em greve há 5 meses e já vinha protestando contra a intervenção nas últimas semanas, ocupando salas. Nesta terça, os manifestantes chegaram a se sentar no asfalto para barrar os novos gestores.
A Polícia Federal (PF) teve de ser chamada e acionou uma equipe do Grupo de Pronta Intervenção (GPI) para o Hospital Federal de Bonsucesso
Reprodução/TV Globo
A mudança na administração entrou em vigor com uma portaria do Ministério da Saúde publicada nesta terça-feira (15) no Diário Oficial da União.
Nota do Grupo Conceição
Na manhã deste sábado (19/10), por volta das 6h, as equipes de saúde do GHC ingressaram nas dependências do Hospital Federal de Bonsucesso de forma pacífica e sem nenhuma violência. A nova diretora do Hospital Federal de Bonsucesso, Elaine Lopez, o diretor presidente do Grupo Hospitalar Conceição, Gilberto Barichello e o Secretário Nacional adjunto de Atenção Especializada do Ministério da Saúde, Nilton Pereira Júnior estão neste momento visitando as dependências do hospital, conversando com trabalhadores e iniciando a vistoria e o reconhecimento de todas as unidades.
O que diz a classe
Cristiane Gerardo, diretora do Sindicato dos Servidores da Saúde, afirma que a categoria está insatisfeita com as condições de trabalho e não concorda com o que chama de “fatiamento” — a descentralização da gestão dos hospitais federais.
“Existe uma narrativa falaciosa de que a rede federal não funciona e não trabalha. Isso não é verdade. O governo federal, que era o gestor das unidades, não nos dá condições básicas de trabalho. Nosso orçamento não é reajustado há 10 anos. Nós temos um déficit profissional na ordem de mais de 8 mil profissionais”, afirmou.
Funcionário do Hospital Federal de Bonsucesso protestam.
Reprodução TV Globo
Além da mudança de gestão, o governo federal garantiu novos investimentos para o Hospital Federal de Bonsucesso. Com o novo orçamento, a unidade passará por uma reforma na rede elétrica e de tecnologia.
“Vamos integrar tudo num contrato, com reajustes, e colocando inclusive orçamento adicional para contratar e investir. Vamos atualizar o parque tecnológico. Isso o grupo hospitalar tem muita condição de fazer”.
“Vamos colocar recursos para reformar e reabrir leitos, para corrigir problemas graves, como a parte elétrica. Vamos fazer uma grande reforma, tanto na subestação, quanto na rede. Com isso vamos reabrir. Para a UTI, precisamos de energia forte e robusta, e vamos fazer nos primeiros dias”, comentou.
Segundo o Ministério da Saúde, os funcionários temporários terão seus contratos prorrogados e os concursados terão os direitos preservados, podendo escolher se continuam no hospital ou se preferem trabalhar em outra unidade federal.
“Para os servidores do Bonsucesso, quero dizer o que já disse: todos os direitos serão preservados, não mudarão regime, não trabalharão a mais do que o que está no contrato. Eles terão direito de escolha garantido”, disse Nilton.
Incêndio e precarização
Em 2020, problemas na parte elétrica do hospital provocaram um incêndio na unidade. Desde então, o Hospital Federal de Bonsucesso funciona de forma parcial.
Funcionários protestam contra cortes no orçamento no Hospital Federal de Bonsucesso
O RJ2 mostrou que parte dos servidores avalia que a situação piorou nos últimos meses. Segundo essas críticas, essa foi uma estratégia do Governo Federal para implantar a mudança no modelo de gestão.

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