O g1 questionou o prefeito sobre a possibilidade de trazer de volta o SP Na Rua para a região, um projeto de festas e coletivos que ocupavam o Centro durante uma madrugada com eventos gratuitos e Nunes afirmou que desconhecia a iniciativa. Ricardo Nunes e o Chef Olivier.
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Após almoçar na inauguração do L’entrecôte D’Olivier Rooftop, do chef Olivier, na República, Ricardo Nunes (MDB) disse ao g1 que está investindo no Centro da capital a partir de ações que incentivam empresários e empreendedores a migrarem para a região.
“Temos o projeto que envolve uma série de articulações com empreendedores, para empreender de alteração de legislação, de incentivo para as pessoas virem para cá e atividades aqui no Centro. Tem várias ações que estamos desenvolvendo aqui”, afirmou.
Olivier Anquier, disse que nos últimos três anos viu uma transformação maior na região para investir. “Eu vi nos últimos anos, o que não vi em 20, a verdadeira consciência de movimento para acertar o maior potencial econômico de São Paulo. Então, fico feliz de poder participar disso, ser ator, mostrar que o Centro não é uma bolha como tudo na cidade, que está todo mundo aqui em harmonia”.
Quando questionado pelo g1 sobre a possibilidade de atrair o público para a região com eventos gratuitos, como o SP Na Rua, um projeto que ocorreu entre 2014 e 2019 e fazia parte do Mês da Cultura Independente da própria prefeitura, com festas e coletivos que ocupavam a região central durante uma madrugada, gratuitamente, Nunes afirmou que não conhece a iniciativa.
A sétima e última edição de SP Na Rua foi realizada em setembro de 2019. (leia mais abaixo)
O prefeito disse ainda que a atividade noturna da região está sendo fomentada pelo próprio setor e citou a concessão do Martinelli.
“A gente fez aqui Ruas Abertas da Liberdade, fizemos a consulta pública para fazer o mesmo na São João, para poder discutir com a sociedade da abertura dessa rua, então tem várias ações que a gente está desenvolvendo para atrair o público. As atividades noturnas não impedem as pessoas fazerem, do setor se organizar. A gente vai fazendo as ações de ter o fomento na noite, mas não necessariamente da Prefeitura, a gente fez a concessão do Martinelli, que eles ganharam para fazer atividades noturnas”, afirmou.
Para Pedro Athie, um dos fundadores da Tesãozinho, que nasceu como uma festa de rua e realiza edições em locais fechados, a cena noturna de São Paulo está dependendo de marcas e empresários.
“Quem não tem marca está tendo que se virar. Tem que pressionar a Prefeitura para ter SP Na Rua de volta, para que a Secretaria da Cultura faça editais que viabilize, que dê fomento para ter festas nas ruas, ocupações de praças, sem ser nessa condição de vender um lugar para uma concessionária. Ele [Nunes] concede esses locais para o setor privado e o setor privado concede os eventos”, afirma.
“O certo mesmo é edital, que fomente festa independente na cidade, para ocupar o Centro, as zonas Leste, Sul, onde a gente possa conciliar com a Prefeitura para que ela desburocratize, concedendo autorização, banheiro químico, estrutura. Hoje para alugar um espaço está custando R$ 50 mil, R$ 60 mil, são locações caríssimas. A Secretaria deveria estar aberta para conversar com os coletivos da cena da cultura independente e se juntar, semestralmente, para encontrar saídas”, continua Pedro.
‘Safári’ no Centro
Restaurante fica na Praça da República, com vista para o Centro da capital.
Arquivo pessoal
Em setembro deste ano, Pedro Vada, professor de Urbanismo na Escola da Cidade, conversou com o g1 sobre o barateamento de imóveis no Centro que, segundo ele, proporciona a empresários a oportunidade de criar o que chamou de “safári”. O urbanista ainda argumenta que este é um movimento antigo, que começou com os rooftops, mas sofre algumas modificações para voltar a ocupar a região central, que foi negligenciada nos últimos anos.
“Você ocupa uma região que é barata por conta do abandono do poder público, mas com uma parcela da população que tem muito dinheiro, atraindo um público de classe média, classe média alta, principalmente jovens. A própria prefeitura tem um esforço para colocar mais áreas de habitação no Centro”, conta.
Segundo Vada, o real problema é a falta de investimento em locais que já existem e são utilizados pela população.
“Esses bares e baladas não estavam no Centro, não são acostumados a estar no Centro, mas vêm para cá ocupar lugares mais baratos e que têm uma visão do Centro revitalizado. Para o público desses locais, o Centro vira um ambiente exótico, um verdadeiro safári. Eles chegam em ambientes megacontrolados, com segurança, sobem em um prédio e ficam completamente isolados do que acontece embaixo, ficam só com a paisagem maravilhosa”, afirma.
SP Na Rua
Logo do último SP Na Rua realizado pela Prefeitura, em 2019.
Reprodução
O SP Na Rua foi um projeto da Secretaria da Cultura de SP que fornecia o espaço e estrutura para festas e coletivos ocuparem o Centro Histórico por uma madrugada inteira.
Na última edição, por exemplo, a programação incluía as festas Batekoo, Desculpa Qualquer Coisa, Helipa LGBTQ, Mamba Negra e Capslock.