O barco tem cerca de 28 m de comprimento; construído em metal e madeira. Possivelmente, funcionava a vapor e estava sob o asfalto de uma das principais avenidas da cidade. Em Belém, obras para a Conferência Mundial do Clima, em novembro, revelaram uma relíquia centenária que estava enterrada na região central da cidade
As obras para a Conferência Mundial do Clima, a COP 30, revelaram uma relíquia centenária que estava enterrada na região central de Belém.
O barco tem cerca de 28 m de comprimento; foi construído em metal e madeira. Possivelmente, funcionava a vapor e estava sob o asfalto de uma das principais avenidas de Belém.
“Ela não está com característica de uma embarcação que afundou, até porque ela não estava em profundidade, ela estava em um contexto muito próximo ao limite da água. Então, possivelmente ela foi abandonada”, diz Augusto Miranda, arqueólogo do Iphan.
Operários encontraram o barco em agosto de 2024 durante uma das obras de infraestrutura e mobilidade urbana da COP 30. O Iphan isolou o local para fazer as escavações. Também foi necessário ampliar mais a pista, interditar um trecho da avenida e replantar duas árvores em outro lugar.
O resgate da embarcação exigiu cuidados. As chuvas dificultavam o serviço porque alagavam a área que é influenciada pelas marés. Por isso, uma bomba trabalhava o dia todo, transferindo a água da área das escavações para o canal que atravessa a avenida.
Obras para a COP 30 revelam relíquia centenária que estava enterrada em Belém (PA)
Jornal Nacional/ Reprodução
“A retirada desse artefato com muito cuidado só pode ser feita quando a maré está baixa, que a gente possa ter realmente a estabilidade dele para retirar, porque se a gente tirar com maré alta, com artefato ainda na água, submerso, pode ser que ele quebre, pode ser que ele desmonte. Isso a gente não quer que aconteça”, afirma Cristina Vasconcelos, superintendente do Iphan no Pará.
Agora, o Instituto de Patrimônio Histórico e Artístico do Pará vai restaurar a embarcação. O Iphan também vai iniciar uma uma pesquisa em acervos públicos de Belém para descobrir mais detalhes sobre o barco que tem, no mínimo, 100 anos.
Belém é banhada por rios. A avenida já foi um igarapé, onde funcionava uma área portuária bastante movimentada. Imagens mostram o porto cheio de embarcações de passageiros e mercadorias no início do século XX. O achado reforça a importância da relação da cidade com as águas.
“O resgate dessa nossa vivência com o rio, dessa nossa proximidade com o rio e do uso do rio prioritariamente como a sua via de acesso e escoamento de produção, traz uma memória que estava em parte esquecida”, diz a historiadora Cássia Rosa.
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